Itajaí é a cidade de Santa Catarina com o maior número de companhias de teatro profissionais. Se foi a arte que estimulou o público ou o público que criou seus artistas, ninguém tem a resposta. Fato é que em mais uma edição, a 11º, o festival Itajaí em Cartaz demonstra o potencial dessa arte na região. O evento começa amanhã e segue até a próxima sexta com 23 atrações.
O festival é promovido pela Rede Itajaiense de Teatro, entidade formada por oito grupos, que este ano inovou ao convidar outras companhias, coletivos e artistas da própria cidade a participar. O Itajaí em Cartaz, portanto, mostrará um panorama da produção da região — criação pautada pelas experimentações cênicas e dramaturgia contemporânea.
— Na cidade, temos grupos com mais de 20 anos de trajetória, outros ainda bem jovens. Mas são artistas que trabalham com estéticas e linguagens bem diferentes — diz a atriz Andrea Rosa, da Cia Experimentus — grupo formado há 18 anos.
No total, Itajaí conta com 16 grupos que trabalham profissionalmente com teatro, um número expressivo se considerar a população de 209 mil habitantes. E o trânsito de artistas em diferentes companhias permite diálogo de ideias e conceitos.
O espetáculo #Mergulho, da Eranos Círculo de Arte, em cartaz na próxima quinta-feira, é um exemplo. A montagem indicada para crianças de um a seis anos trabalha com elementos audiovisuais e contou com a direção de Max Reinert, ator, diretor e dramaturgo que integra a Téspis, companhia que está há mais de 20 anos na estrada e é uma das mais respeitadas em Santa Catarina.
Homenagem a Mauro Caelum
O Itajaí em Cartaz deste ano homenageia o poeta e artista plástico Mauro Caelum. Sempre presente nas plateias do festival, ele morreu em setembro do ano passado, aos 57 anos, e deixou um legado artístico reconhecido pela cidade.
— Teremos rodas de conversa — e uma delas será na casa-ateliê onde ele morava, além de exposição, sarau e outras homenagens — adianta o ator Charles Augusto, um dos coordenadores do evento.
AGENDE-SE
Das 23 atrações, selecionamos 4 espetáculos que são destaque na programação.
Primeiro Milagre,
do Grupo Risco de Teatro

Baseada em obra de Dario Fo, toca em temas como segregação racial, fome e diferença de classes . Narra os primeiros anos da vida de Jesus. O Grupo Risco existe há quatro anos e tem pesquisa consistente na linguagem cômica e contemporânea. Espetáculo da noite de abertura. Classificação: 12 anos
|| Sábado, às 20h, no Teatro Sesc Itajaí
Dois Amores e um bicho,
da Cia Experimentus

O grupo tem 18 anos de história, um dos mais antigos de Itajaí. Neste espetáculo, revisita obra do venezuelano Gustavo Ott e conta história de uma família às voltas com o passado e o presente. Em jogo perverso, eles encenam e reencenam incidentes que melhor seriam se ficassem esquecidos. Classificação: 14 anos
|| Terça, às 20h, na Casa da Cultura Dide Brandão
Como Apavorar Monstros,
do Coletivo Sem Título

A peça revisita o mito da inocência infantil para investigar os jogos de poder que dão condições ao processo de monstrificação do outro, o estrangeiro. Um texto que toca em feridas contemporâneas e é bem executada pela companhia que existe há apenas quatro anos. Classificação: 14 anos
|| Quarta, às 20h, na Casa da Cultura Dide Brandão
#Mergulho,
da Eranos Círculo de Arte

Espetáculo para crianças de 1 a 6 anos conta a história de duas pessoas que vivem em universos diferentes, ele na terra e ela no mar. Elogiado pela crítica, tem projeções audiovisuais e mostra o trabalho da Eranos, grupo que pesquisa teatro de rua, animação, performance e poesia.
|| Quinta, às 14h, na Casa da Cultura Dide Brandão
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